Um projeto de gerenciamento que fornece visibilidade total ao parque de ativos

Gestão. Uma das palavras mais utilizadas no mundo corporativo e um dos conceitos que mais as organizações buscam colocar em prática a fim de otimizar as operações e maximizar os resultados. Muitas vezes adjetivo de controle, a gestão bem aplicada, mais do que reduzir custos e melhorar a produtividade, proporciona uma visão ampla do negócio, com seus gargalos, pontos de atenção, eficiência e, por que não, oportunidades.

Com isso na cabeça, a Química Amparo, detentora da marca Ypê, iniciou há cinco anos um projeto para embarcar telemetria em seus equipamentos de movimentação. O pontapé inicial, realizado ao final de 2014, e que teve a Softrack como a companhia escolhida para analisar as demandas, identificar as oportunidades e desenvolver o projeto, abrangia todo o parque de máquinas da empresa à época, num total de 140 equipamentos próprios entre empilhadeiras e rebocadores elétricos e a combustão.

Segundo o gerente Comercial da Softrack, Mário Bavaresco Neto, a ideia era, por meio das soluções desenvolvidas pela Softrack – de hardware e software – implementadas nas máquinas e disponibilizadas num portal, ofertar à Ypê um sistema de gestão desses equipamentos. “Isso traria segurança, controle da manutenção e utilização eficaz dos ativos, além de maior produtividade dos operadores e das máquinas”, diz.

O executivo ressalta que se trata de um sistema completo de gestão do parque de máquinas e a conta de implementação para a Softrack é muito simples. “Trata-se de um investimento que deve retornar em economia de diversas formas, diretas e indiretas, com a segurança e toda a questão trabalhista envolvida e com a própria operação da máquina”, resume.

A Ypê de imediato identificou as oportunidades que seriam geradas em suas cinco plantas – Amparo (SP), Salto (SP), Simões Filho (BA), Anápolis (GO) e Goiânia –, conta o coordenador de Ativos da Química Amparo, Ezequias Blogoslawski. “A telemetria pega um equipamento em movimento e deixa estático em uma tela. Com essa importante ferramenta podemos identificar e tratar as anomalias de imediato antes que elas representem riscos maiores para operação. Tornamos os equipamentos mais confiáveis”, salienta. Ele completa dizendo que o projeto junto à Softrack permitiria a interação da tecnologia com os equipamentos da empresa, aderência dos gestores e melhor visibilidade dos custos.

A ação seria uma mudança considerável no dia a dia da Ypê. Isso porque antes da entrada do projeto de telemetria o acompanhamento dos ativos era feito por meio de checklists manuais. “Trabalhávamos muito no corretivo, analisávamos as falhas olhando somente para o passado, sem condição de analisar olhando pra frente”, reconhece Blogoslawski.

Pré-análise

Demonstradas as funcionalidades da telemetria e as vantagens competitivas que ela traria, as empresas firmaram um contrato de três anos e iniciaram de fato, no início de 2015, o projeto. O primeiro passo foi ofertar um teste. Neto explica. “Implantamos nossos equipamentos em duas máquinas que operavam em Amparo, pois tudo na empresa que se refere a desenvolvimento é realizado nessa planta, por ser a sede da companhia”, diz. Ao todo, foram dois módulos físicos embarcados: um adaptado à máquina e que permite a interação do condutor com o sistema (realizar a identificação e fazer o checklist), chamado de painel do operador, e outro alocado junto ao motor e responsável por realizar a coleta e a transmissão dos dados via internet para a nuvem, que são acessados por meio de um portal.

Os testes duraram dois meses e apontaram que havia um grande potencial para a Ypê gerir melhor a frota. O gerente da Softrack afirma que foi demonstrado na prática de que maneira os equipamentos operavam, apresentando os resultados e realizando uma projeção de análise e dos benefícios que a empresa ira obter. “Conseguimos mostrar que os equipamentos funcionavam dentro das condições da indústria, que são adversas por ser do segmento químico”, lembra.

Alguns aspectos mereceram atenção no período de teste. Um dos principais pontos levantados estava relacionado à insegurança no manuseio da empilhadeira. Isso porque até esse momento qualquer pessoa, habilitada ou não, podia operar as máquinas, não existia controle sobre o uso, o que gerava uma quantidade grande de ocorrências devido à má utilização. Neto revela, por exemplo, que foram identificadas máquinas sobreutilizadas e outras subutilizadas. “Havia um desbalanceamento quanto à operacionalidade dos ativos. Mostramos que, com relação às máquinas testadas, uma era utilizada 80% do tempo e a outra 20%. Não havia um equilíbrio. Além disso, identificamos que na metade do tempo total em que as máquinas estavam ligadas elas permaneciam paradas, e isso para uma empilhadeira a combustão é um consumo absurdo”, ressalta.

A Ypê acompanhou de perto as análises. “Houve testes em alguns equipamentos estratégicos, foi instalado um piloto para que assim pudéssemos avaliar no chão de fábrica a performance da tecnologia, acompanhamos os eventos, testamos na prática e foram comprovadas as vantagens de utilização da ferramenta”, recorda Blogoslawski. Além disso, completa, com a telemetria a companhia passou a ter acesso a informações que antes não tinha, uma vez que foram expostos dados de acompanhamento e utilização dos ativos, dirigibilidade operacional, ociosidade dos ativos, aceleração brusca, frenagem brusca e velocidade dos equipamentos na operação.

Implantação

Passado o período de testes e aprovada a solução, as empresas começam a definir a configuração do sistema de gestão, adaptável às regras de cada companhia. Vale lembrar que o gerenciamento da solução fica sob responsabilidade do cliente. “A Softrack não gere o sistema, nosso foco é em seu funcionamento – se as coletas de dados estão sendo realizadas e se as máquinas estão transmitindo os dados. O ponto chave do negócio é que o gestor que conhece a operação, que conhece os processos, alinhado aos dados fornecidos pelo Softrack, consegue trazer os melhores resultados para aquela operação”, salienta Neto.

Definidos os parâmetros, a implementação do sistema foi realizada de maneira gradual. Primeiro, a telemetria foi embarcada nos equipamentos utilizados em Amparo, que responde por 50% do parque de máquinas da companhia. Depois disso, foi estabelecido um cronograma para aplicar nas outras unidades e, ao final de três meses, a totalidade das máquinas da empresa foi embarcada com os equipamentos de gestão da Softrack.

Aqui, Neto faz um lembrete. “Não adianta implantar a tecnologia se não capacitarmos os profissionais. Por isso, na sequência, o passo natural na implementação da telemetria é o treinamento, que foi realizado em cada uma das plantas da indústria”, conta. O processo é realizado por etapas. O passo inicial é promover um treinamento de pré-instalação para os operadores das empilhadeiras. A ação consiste em reunir os condutores, mostrar os equipamentos e distribuir os crachás, já que a partir do embarque da telemetria as empilhadeiras só poderiam ser acionadas por meio da identificação. “Mostramos de que maneira o operador deve utilizar a máquina e realizar o checklist”, pontua.

O coordenador de Ativos da Química Amparo lembra que no início houve resistência operacional, uma vez que  nesse novo cenário seria possível avaliar a performance por processo ou operador. A desconfiança, porém, não se prolongou. “Quando trouxemos esse projeto para dentro da nossa carta de valores, tivemos uma maior aderência operacional, conscientizando dos ganhos mútuos em gestão de telemetria”, diz. Mais de 250 operadores passaram pelo treinamento.

Neto explica que, após a implantação da tecnologia e o treinamento dos operadores, as máquinas coletaram dados por uma semana para gerar um volume que possibilitasse as análises. Na sequência, foi a vez de líderes e supervisores, que suportam a operação, serem treinados junto à plataforma web, onde puderam observar os gráficos, relatórios e informações. “Temos na Ypê profissionais altamente capacitados e atentos às novas tecnologias de mercado. Quando trouxemos o projeto de acompanhamento por telemetria tivemos uma excelente receptividade da liderança, pelos ganhos e visão operacional”, garante Blogoslawski.

O sucesso da aplicação, porém, se deu pelo trabalho prévio que a Ypê realizou. Antes de chegar à operação, a empresa traçou um plano de trabalho de como faria a implementação e quais seriam as expectativas de retorno do projeto, envolvendo profissionais das mais diferentes áreas, como operação, recursos humanos, financeiro, logística e engenharia. “Quando iniciamos o projeto de telemetria já estávamos alinhados, já estava desenhado como faríamos para ter uma maior aderência operacional. A constante modernização dos sistemas e renovações tecnológicas obriga que todos estejam comprometidos com a estratégia do negócio”, diz o executivo.

“Com a implementação de telemetria conseguimos tratar as oportunidades e reconhecer nossas fortalezas, tanto nos processos quanto nas pessoas. Foi nesse viés que desenvolvemos o programa de ranking de condutores de empilhadeiras, premiando pelos excelentes resultados alcançados na condução dos ativos, nos quesitos segurança, qualidade e custo. Esse ranking é divulgado mensalmente para toda planta, motivando a operação a entregas ainda melhores”, comemora Blogoslawski.

Evolução

Computados os ganhos iniciais, em meados do segundo ano, com a Ypê atingindo a maturidade na gestão da ferramenta, começaram a surgir demandas, como novos relatórios, gráficos e interpretações. Além disso, houve a expansão do sistema para outros ativos. No início do projeto, a telemetria foi embarcada nas empilhadeiras e rebocadores e, após maturado, foi expandido para os caminhões utilizados nas movimentações internas na unidade de Amparo.

Blogoslawski conta que 13 caminhões receberam o sistema de telemetria. “Com a instalação, passamos a ver online os defeitos encontrados nos veículos, houve redução das anomalias, melhor controle no consumo de combustível, inspeção de rota e defeitos que poderiam trazer risco operacional”, enumera.

A evolução não parou por aí. Ao final do segundo ano de contrato, a Softrack alocou um técnico na planta da Ypê dedicado à operação. O profissional fica baseado em Amparo, mas tem a possibilidade de viajar para qualquer outro site da indústria para atender às demandas quanto aos hardwares.

Para a Ypê, a vantagem de contar com esse colaborador dedicado da Softrack é a alta interação que ele possui com a equipe operacional, além de prestar suporte imediato às manutenções cotidianas, novas instalações e manutenções sistêmicas. “É um recurso importante para a excelência no processo de telemetria, pois faz análises diárias de funcionalidade dos equipamentos, garantindo que a coleta de dados seja a mais precisa possível”, afirma o coordenador de ativos da indústria.

Tendência

Já há planos de expansão da prestação do serviço. Neto anuncia que o próximo passo será integrar o Softrack ao corporativo da Ypê a fim de adequar a companhia ao conceito de Indústria 4.0, além de desenvolver a internet das coisas. “Faremos a migração e a integração dos dados automaticamente. Hoje, ainda há uma redigitação. Por conta dessa oportunidade e pela Ypê ter condições ideais de ambiente, nos oferecemos à indústria para desenvolvermos em conjunto a versão integrada ao SAP”, resume.

O projeto começou a ser estudado no início deste ano e tem previsão de começar a ser desenvolvido já em 2019. “Vamos desenvolver a parte técnica das interfaces dessa integração, baseados no que a Ypê quer ver no SAP”, explica Neto.

Blogoslawski afirma que dentro de uma empresa otimização operacional significa economia, e ter informações sobre produtividade de todos os aspectos do negócio é fundamental para descobrir desperdícios e oportunidades de ajustes. Para ele, a tradicional separação de sistemas cria tarefas isoladas que, mesmo que trabalhem para um denominador comum no fim da cadeia operacional, não conversam diretamente entre si. “Ao padronizar esses processos, é possível otimizar de maneira significativa a relação entre elas, além de facilitar a análise de resultados e o planejamento de novas abordagens produtivas para o futuro”, pontua.

Fábio Penteado

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